sábado, 1 de maio de 2010

O Amor de Deus


















Olhei para o rosto de Jesus
Transfigurado, descarnado no madeiro
E me perguntei:
Porque Deus, o Poder Supremo
O regente de tudo, onisciente,
Onipotente, onipresente
Foi capaz de se tornar um miserável,
Assumir todo o pecado da humanidade,
Carregar sobre si todas as enfermidades,
Viver como um simples mortal,
Como um retirante, um excluído, um fugitivo?
Ser humilhado
Por aqueles que pregavam
Em Seu nome?

Olhei para mim
E me vi representando o homem
Representando a humanidade.
Vi minhas fraquezas,
Minhas complexidades.
Vi minhas carências, vi meus sofrimentos.
Vi o homem de barro que sou,
Que vive segundo o bater do vento,
Segundo o que se apega em meus sentimentos.
Vi um homem que está sempre
Numa procura sem jamais encontrar-se
Aprisionado nas emoções.
Neste meu olhar vi-me refletido
Tantos e tantos que vivem constantes conflitos.

Olhei para os lados
Vi tantos sofrimentos sociais.
Pessoas em demasia excluídas
Que vivem sem identidades,
Que não existem para a sociedade,
Que sofrem as dores da desigualdade.
Faltando-lhe o essencial que é pão
Enfim, vi a miséria que rodeia os irmãos.

Ai, olhando aquele madeiro
A resposta à mim foi dada
Àquela pergunta que me intrigava.
O que seria do homem
Sem a presença de Deus ao seu lado?
Para ser afagado e consolado?
Para não sentir-se abandonado?
Compreendi que a loucura da Cruz
É o maior sinal e manifestação
Do amor que Deus tem pela sua criação.

Ataíde Lemos

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