sábado, 30 de julho de 2011

Multiplicação dos pães


     Muitas passagens evangélicas são extremamente reflectivas nos levando há questionamentos internos sobre nossa atitude diante de Deus, diante a humanidade e a nós mesmos. De como vemos a atuação de Deus na humanidade, como que vivemos este Deus em nós e refletimos este Deus para o próximo.


     Um destes momentos ricos de reflexão é a multiplicação dos pães. Nesta passagem escrita pelos evangelistas podemos tirar vários pontos importantes tanto aqueles de profundidade espiritual (dimensão Mistério), a prefiguração do aconteceria na ceia derradeira como a de dimensão social, a atitude do homem em relação ao compromisso com o irmão.


     Podemos ver um Deus que se preocupa com o homem em toda sua dimensão. Se em determinado evangelho Jesus vê aquela multidão que não quer se afastar sentindo por ela compaixão devido serem ovelhas sem pastor, na multiplicação dos pães Jesus sente compaixão pela necessidade do material que dá vida biológica ao homem, o alimento.


     Segundo o evangelho, Marcos não deixa duvida que ali ocorrera um grande milagre que foi a transformação de poucos pães e alguns peixes em alimentos para aquela multidão. Este é um ponto que por mais que se possa tirar varias reflexões não pode negar o milagre ocorrido.


     Em 2º reis cap. 4,42-44 Elizeu também através de uma oração a Deus faz com que vinte pães pudesse saciar mais de cem homens. Um gesto de amor pelos outros reproduz no coração de Deus o amor do irmão pelo irmão. Quando somos capazes de dividir aquilo que temos certamente, todos são beneficiados pelos nossos gestos e atitudes. Esta passagem ocorrida no antigo testamento também vem prefigurar o acontecimento da multiplicação dos pães feito por Jesus.


     Um fato importante neste episódio é que Jesus sacia o povo a partir do povo, isto é, do alimento que alguém carregava e que foi apresentado se tornou alimento para todos.


     Quando não omitimos; quando apresentamos nossos dons à Deus, Ele pode transformar algo pequeno em grande e assim, muitos serem saciados a partir de partilhas de pequenas coisas.


     Deus ama e se preocupa com o homem no seu todo. Deseja alimentar o Espírito, como também está consciente da realidade e necessidades humanas, e sabe que um dos fundamentos também para segui-lo é estar saudável biológica e psicologicamente.


     Mas, também não podemos deixar aqui de refletir este acontecimento numa dimensão profundamente espiritual, onde Jesus prefigura a sua morte e a sua ressurreição nos deixando a Si próprio como alimento espiritual. Deixando-nos Seu corpo, Seu sangue que alimentados nos santifica o corpo e o Espírito até o dia em que todos nos encontraremos na gloria eterna.


     Somente sente fome de Deus aquele que deseja ou que é impedido de se alimentar pelo egoísmo dos irmãos. Um egoísmo que acontece pela falta da multiplicação da palavra, dos gestos concretos de amor. 
Ataíde Lemos
Escritor e poeta 

O Poder da Fé



A vida e a morte são um grande mistério que somente nos é respondida pela fé. Sem ela a existência humana, torna-se sem sentido. Para uns, sem a fé, perde-se a alegria e a esperança de viver, pois a violência, a injustiça, as desigualdades, as maldades das pessoas e os sofrimentos humanos como doenças, mortes, etc. desfazem o brilho da vida.

Sem a fé o homem tende ser ainda pior do que é, devido intensificar o egoísmo, por acreditar em sua finitude e assim, vive de maneira a realizar todos seus sonhos e vontades independente a felicidade dos outros, ou seja, vale tudo para o ter e o poder. Sem a fé, qualquer sofrimento possui uma grande dimensão, por não recorrer espiritualmente, levando pessoas adquirirem doenças emocionais. Pois, em determinados acontecimentos somente a fé pode manter-nos equilibrados diante situações onde nossa humanidade não consegue suportar.

Quando refletimos a Bíblia e a Ação de Deus na humanidade, mais uma vez, podemos perceber a existência deste Deus amoroso e misericordioso, pois, que seria da humanidade sem Deus? Sem acreditar na imortalidade da vida? Ou seja, a existência de Deus é uma necessidade humana para continuar viver e a se amar. É uma necessidade para enfrentar o sofrimento e conseguir vence-lo pela fé num Poder acima do homem, que dá a ele esperança e o faz procurar ser melhor. A existência de Deus é uma necessidade humana para lutar pela justiça e para amar o próximo como a ti mesmo. Enfim, a introdução na vida humana da espiritualidade, de um Deus é um outro grande mistério do amor de Dele para com a humanidade, ainda que nada de grandioso tivesse ocorrido como a própria vinda de Jesus. No entanto, a sua vinda veio confirmar e ratificar a existência de um Deus Amor que em Jesus, renovou a fé e solidificou a sua existência, onde o homem, tem como fundamento a existência de Deus, na pessoa também de Jesus.

Mesmo diante deste grande mistério que é a vida e a morte, a fé é essencial na vida do Ser humano, para que procure viver a alegria da vida, mesmo diante o sofrimento, mesmo diante as injustiças e o faz promover a paz diante a violência amando seu o próximo apesar de seus erros. A fé nos faz atravessar caminhos escuros, na certeza de vencer os obstáculos da vida quando estes parecem ser nosso fim. Enfim, independente como as crenças concebem Deus e Jesus e as doutrinam seus seguidores, a fé é a esperança da esperança. É a razão para sermos melhores. É o balsamo do consolo e do conforto para os que sofrem e, é nela que encontramos os pilares para sermos felizes e sendo melhores cada vez mais do que somos.

Ataíde Lemos
Escritor e poeta

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A fé e a morte de um filho


Um dia partimos desta vida de uma maneira ou de outra; ancião ou ainda no útero; criança, adolescente, jovem ou adulto. Partiremos de maneira calma ou violenta; lentamente ou subitamente; não importa a forma; a certeza é que um dia iremos.

Da mesma maneira que iremos, perderemos amigos, parentes ou entes que amamos e que levarão consigo parte de nós. Certamente, com suas partidas iremos encontrar mil desculpas para justificar ou aliviar nossa dor. Porém a certeza única é que cada um de nós tem seu momento em que seremos chamados a dar continuidade na vida de uma outra forma.

O que fazer? Como encarar esta dor? A resposta também estará em cada um, segundo seu psiquismo, segundo sua crença ou não crença. O que temos de certeza é que a vida não é como um aparelho audiovisual que se pode voltar e reiniciar novamente ou como o autor de uma novela que refaz seu final, segundo o gosto do telespectador. Portanto, a vida continuará seu curso e aqueles que perderam seus entes amados terão que reaprender viver, sem ter mais a presença física de seus falecidos.

A fé é acreditar naquilo que não se vê como realizado, ou seja, a fé é acreditar na esperança já a vivenciando-a, ainda que não possa tocá-la e nem senti-la. Mesmo que sentimos frágeis e volta e meia, questionamos Deus, a fé nos faz continuar a acreditar Nele, mesmo que sintamos enorme dor e não encontramos a respostas que procuramos de maneira lúcida e imediata. Os pensamentos de Deus não são como os nossos e o tempo Dele é completamente diferente do nosso. Enfim, a fé é um mergulhar no invisível.

A fé não é uma maneira de automanipulação e encontrarmos consolo para nossas dores, mas é uma visão além do físico, além da matéria, além daquilo que nossa razão pode enxergar e que tem forma quando observamos os acontecimentos a nossa volta. Quando temos a sensibilidade de perceber nos detalhes situações que somente são respondidas por esta mesma fé.

Se mesmo tendo fé, passamos por momentos difíceis de aceitação, imaginamos sem ela! Certamente, a vida perde seu total sentido e tudo, torna-se num desespero, por não ter onde se apegar. Por não conseguir aceitar palavras de vida e de esperança pronunciadas por aqueles que possuem suas crenças. Por não conseguir ver nos acontecimentos, a presença de Deus consolando-o e confortando-o.

Em suma, somente a fé é capaz de nos fazer resistir e sobreviver à dor mais profunda que pode haver, que é da perder um filho, porque é nela (fé) que se encontra a razão de viver. Somente ela, nos faz acreditar que nossos entes estão vivos e que um dia estaremos novamente com ele e assim, ameniza a dor da saudade que permanecerá até o fim de nossos dias.

Ataíde Lemos
Escritor e poeta

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Vida Eterna (Palavras de Fé)



Às vezes procuramos palavras quando vemos alguém sofrer pela perda de um ente querido e são difíceis de serem encontradas e assim, as palavras ditas são aquelas da fé que professamos. Pois, somente em Deus podemos encontrar uma força para expressar nossos sentimentos e ter as palavras certas de esperança ao ver o sofrimento do outro e aquele que carregamos dentro de nós.

A maioria das pessoas, de alguma forma, segundo suas crenças, acredita num Deus que está sempre presente e que não nos abandona em tempo algum. Também possuem crenças na vida que se inicia ao nascermos e continua após a morte, independente como seja ela. No entanto, mesmo cada um com sua perspectiva de como se dá a vida eterna, em comum, a eternidade existe e que é um lugar infinitamente melhor que o mundo em que vivemos.

De fato, devemos viver o reino já aqui, mas sabemos que este mundo é um lugar onde o sofrimento impera, seja pelo sofrimento individual ou coletivo. O sofrimento pela falta de amor entre as pessoas e que como consequencia gera as injustiças praticadas, as indiferenças, o preconceito, a fome, violência, o consumo de drogas e poderíamos enumerar vários outros tipos de sofrimentos. Também o sofrimento que existe dentro de nós que é o egoísmo, fruto o mal que impera em nosso Ser. Ainda podemos dizer do sofrimento devido ao próprio amor, pois o amor também é sofredor, por exemplo, nas perdas de entes que amamos e os quais fazem parte da nossa existência humana.

Há alguns sofrimentos que podemos minimizar, através de nossas ações diante os outros, enxugando as feridas ou participando ativamente do sofrimento do outro como balsamo, mas o difícil, é quando este sofrimento nos abate pela dor da ausência de um pedaço de nós, sofrimento este que sabemos não estarmos imunes e a única coisa que podemos e precisamos fazer é entregar-se nos braços do Pai. Sofrimentos estes que sentimos um balançar na fé, por não conseguir aceitar certos acontecimentos, permitidos por um Deus que o temos como sinônimo a palavra Amor, pois, muitas vezes, nossa Fé está baseada em nossa psique humana.

Portanto, mesmo sem entender, é preciso aceitar certos desígnios de Deus, ainda que sofremos por este amor humano que há nós e fazer da dor do amor que sentimos um acreditar vida eterna prometida por Jesus a todos nós e pedir a Deus, que aumente nossa fé curando as feridas abertas para que possamos ver seus propósitos que estão além de nosso entendimento humano.

Ataíde Lemos
Escritor e poeta

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Reflexão sobre a eternidade



Cada um tem um entendimento da vida após a morte, segundo suas crenças e espiritualidades ou mesmo alguns acreditam que aqui é o começo e o fim – no caso dos ateus. Para uns, a vida continua após a morte física, onde o Espírito através de outras matérias (corpos físicos) voltam e dão continuidade na purificação. Outros acreditam que após a morte há o descanso eterno, onde os Espíritos repousam até o momento do julgamento final, onde todos ressuscitarão e cada qual receberá seu premio ou castigo, segundo viveram enquanto seres humanos, já outros, e no caso me incluo, acredita que a morte é uma passagem o qual ao morrermos, nosso Espírito já recebe a herança definitiva, ou seja, já receberemos a resposta da nossa vida, a partir de história de vida consciente de nossas responsabilidades enquanto pessoas que não são deste mundo. Entendo também, que Deus, não leva em consideração tanto os nossos atos, mas sim nosso coração, como o próprio Jesus disse: “Deus não julga pela aparência, mas sim pelo coração”. Também acredito que mesmo já recebendo a herança após a morte, nossos corpos físicos permanecem aqui até o dia da segunda vinda de Jesus, onde receberemos um corpo glorioso, tal qual, o corpo de Jesus após ter ressuscitado e  estado conosco por 40 dias. 

Poderíamos nos questionar: mas como receber novamente um corpo físico, se muitos cremam, outros ao morrerem de forma violenta o corpo se destrói todo, etc, etc? Pois bem, minha resposta novamente vem pela Fé, é mais fácil um corpo ser novamente refeito por Deus que a crer na vida eterna, ou seja, somente em acreditar na vida eterna, já é o suficiente para acreditarmos em todas as possibilidades que Deus possa fazer. Ao acreditarmos que Jesus ressuscitou um homem (Lázaro), após vários dias estar morto, então, não há o que duvidar de nada em relação a Deus, em suma, ou acreditamos em Deus ou não.

Porém, algo também a nós normal é a de questionarmos Deus quando passamos por uma perda irreparável, no caso meu, a perda de um filho. Dentro de minha visão, se ele é Amor e “Ele é Amor”, conhece-nos profundamente a ponto de não levar em consideração nossas misérias, nossas perguntas diante a nossa dor, pois Deus conhece cada um e sabe que nossa fé é minúscula, tanto que ele diz: “se tivéssemos a fé do tamanho de um grão de mostarda, mudaríamos a montanha de lugar”, ou seja, ele sabe que o que somos e como somos. Ainda é preciso voltar ao evangelho quando ele (Jesus) é questionado por Maria “Se estivesse aqui meu irmão não tinha morrido...”, mesmo a família de Lázaro sendo amigos íntimos de Jesus, Maria demonstra sua natureza humana ao questionar Jesus.

Em suma, quando o entendimento está acima de nossas possibilidades humanas para sua compreensão, a única coisa que resta a fazer é aceitar ou não. Para os que acreditam na vida eterna, segundo a que me incluo, o mundo eterno não tem ligação com este, apenas Deus, os anjos, e alguns que Ele permitir mantém esta transição entre a eternidade e o mundo terreno com o objetivo único que é a de salvar a humanidade. Penso que se o mundo da eternidade tivesse ligação direta com este, o céu seria um inferno, pois o mundo em que vivemos é na sua maioria de sofrimentos, violências, forme, desumanidade, ou seja, como viver uma a felicidade plena na eternidade em contato com mundo o qual vivemos? Pois, independente as particularidades de cada um que se foi, o mundo eterno também sofreria com o mundo em que vivemos. Deus permitiria isto ao que gozam da plenitude da vida eterna?

Portanto, acredito que Deus ao nos ver sofrer pela perda de um ente querido, através de ns sinais nos conforta e dá o entendimento para seguirmos nossa vida e missão. Estes sinais vêm de diversas formas como a presença de amigos, sinais para amigos que nos consolar. Através de sonhos, mas sobretudo por meio de nossa pouca Fé, pois, sem ela nada pode nos confortar e fazer que entendamos os sinais de Deus.

Ataíde Lemos
Escritor e poeta

domingo, 17 de julho de 2011

A Parábola do Joio e do Trigo



O evangelho de Mateus 13,24-43, inicia dizendo: "O Reino dos Céus é como alguém que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora."

Desta parábola podemos tirar varias reflexões e uma delas é que, o Reino dos Céus é a vida eterna; o semeador é Jesus; a semente do trigo é Deus; o joio é o maligno e o campo é o mundo ou cada um de nós.

Pois bem, Deus ao nos conceber semeia o amor, semeia a vida, porém, o maligno também semeia em nós a semente do joio que é o egoísmo, a maldade, a indiferença, a ganância, a vaidade, etc. para que ela destrua a boa semente lançada por Deus em nós. Com o passar do tempo à medida que vamos tomando conhecimento do certo e do errado, tanto a boa semente como a má vai-se tomando forma e transformando a plantação, ou seja vão nos transformando em pessoas boas, mas ao mesmo tempo más.

Porém, como a parábola narra, Deus não nos destrói devido o joio também fazer de nosso Ser, pois em nós há também há a plantação do trigo e somente Ele sabe o momento certo da colheita.

A Sua Palavra está no meio de nó e através dela podemos em nosso dia a dia cuidar de nosso campo para que vamos aos poucos arrancando o joio semeado para que não destrua a boa semente que Deus que foi semeada em nós através de seu filho Jesus.

Deus nos criou para que tenhamos uma vida plena de amor, o que muitas vezes não permite viver esta plenitude é o joio que está em nós, levando-nos ao sofrimento, provocando o sofrimento no irmão. A semente do egoísmo é a raiz de muitos males tanto nosso como da humanidade, onde o ser humano não consegue ver no outro a pessoa de seu irmão como também a pessoa de Jesus.

Ao Deus esperar a colheita, mais uma vez podemos pensar nas palavras de Jesus “Meu Pai não quer que nenhum de seus filhos se perca”. Ou seja, a paciência de Deus é para que com o passar do tempo, com a nossa proximidade mais concreta com Ele, possamos ir eliminando todo joio que fora plantado em nossos corações pelo maligno e assim, todos possamos produzir o trigo e participar da morada eterna.

É importante levarmos em conta que Deus conhece nossas limitações e por isto, sua justiça é misericordiosa. Deus sabe nossa fraqueza diante as dificuldades e da sedução do mundo. Deus conhece nossos instintos humanos e é neste sentido que Ele usa de toda sua misericórdia para com cada um de nós de maneira singular.

Em suma, o importante é que sejamos conscientes de que somos um campo onde há semente de Deus, porém, também há semente do mal e que a partir daí, sejamos cada vez mais prudentes para que o joio existente em nós não sufoque o trigo a ponto de destruí-lo e assim, sermos lançados ao fogo eterno, por sermos apenas joio.

Ataíde Lemos
Escritor e poeta