terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Parábola do Bom Samaritano



            Jesus conhece o coração humano. Sempre me prendo em uma de suas palavras “Deus não julga o homem pelas aparências, mas sim pelo coração”. Certamente, neste seu falar, Jesus vem derrubar as máscaras que muitas vezes existem em nós, de nos acharmos maiores que outros porque vivemos uma espiritualidade de preceitos e assim, nos consideramos os eleitos agindo como apartados do mundo, ou então, olhamos nossos irmãos com um olhar de cima para baixo. Pessoas assim, têm um diferencial grave que é, humilhar aqueles que de repente não tem a mesma experiência teórica de Deus; digo teórico por entender que, aqueles que mais têm a experiência de Deus em suas vidas são os que se deixam ser amados por Deus e vivem este amor na sua pratica, ainda que não tenham o conhecimento e não se despertaram para a aproximação de Deus nas suas vidas.

            Não quero aqui dizer que as pessoas não devam buscar Deus através do conhecimento por meio de Sua Palavra, através dos cultos ou da missa. Enfim, por uma vida espiritual praticante, pois, sem duvida a vida de igreja nos torna mais próximos de Deus e do irmão nos levando ao conhecimento de que todos somos discípulos e temos como missão ser um outro Cristo, e  assim poder dizer; “já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim”. 

            Na passagem evangélica do bom samaritano o questionamento feito por um conhecedor da lei era criar certo constrangimento se julgando mais conhecedor da Palavra que o próprio Jesus. Na verdade, ele já tinha de cor e salteado toda escritura em sua mente, porém Jesus conhecendo seu coração diz que também é necessário amar o próximo como a si mesmo, e por meio da parábola do bom samaritano, mostra que amar o próximo não é apenas sentir-se compaixão, mas é agir na ação, é olhar o outro e amá-lo como amamos a nós mesmos.

            Talvez o que falta em muitos corações é amar-se a si mesmo. Muitas vezes o egoísmo, o orgulho, a vaidade ou mesmo as carências existenciais acaba ofuscando o amor próprio, impedindo que a pessoa se ame – na essência da palavra.  E esta falta de amor por si mesmo, não permite que veja no outro a face de Cristo, e assim, age com indiferença ao sofrimento humano, ou mesmo tem sempre como ponto de partida o seu próprio bem – fruto do egoísmo – não ampliando ou fortalecendo dentro de si a pratica da luta pela vida na sua total dimensão.

            Certamente, o amor do homem por ele mesmo o leva transbordar e irradiar este amor por todos os lugares por onde esteja. Também o leva a compadecer e desejar para o outro este mesmo amor existente em si mesmo, levando-o a viver a pratica do amor e da caridade. Porém, uma caridade fundamentada em Cristo, não uma caridade apenas filantrópica. 

            Finalizando, amar a Deus é seguir os preceitos bíblicos, mas também ver o rosto de Cristo que está em cada irmão, seja ele quem for. O fundamental para aqueles que se dizem ser seus discípulos de Jesus é de fato agir como aquele viajante que, ao ver um homem caído, ferido não olha apenas com compaixão, mas tem compaixão com gestos concretos.

Ataíde Lemos 

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