Se no Domingo
de Pascoa celebraremos a vitória da vida sobre a morte, na Sexta-feira Santa, celebramos
o mistério do amor de Deus, que vai até as ultimas consequências por cada um de
nós. Um amor que se doa a própria vida; um amor que ultrapassa as fronteiras da
razão humana para que através da morte de Jesus e morte de cruz, toda
humanidade seja resgatada.
Sexta-feira
Santa, um dia de silêncio, porque ele fala mais que as palavras. Um dia de
reflexão sobre o mistério do sofrimento. Jesus (Deus Filho) em tudo foi semelhante
ao homem, menos no pecado. Nasceu de uma mulher, viveu entre meio a injustiça,
foi amado por muitos, rejeitado por tantos. Jesus teve provações como qualquer
ser humano tem, sorriu, chorou, teve fome e também passou pela morte, não uma
morte natural, uma morte acidental, mais uma morte cruel, um assassinado
exigido pela sociedade e legalizado pelo Estado. Uma morte num estado de
abandono por tantos que o seguiam.
Jesus não foi
entregue para a morte, mas, foi ao seu encontro como um cordeiro ao matadouro.
Não foi vencido pela morte, mais se doou a ela em silêncio, carregando sobre a
cruz toda a iniquidade da humanidade. Este foi o alto preço pago pelo nosso
resgate.
Sexta-feira
Santa, um dia de refletirmos o sofrimento. O sofrimento das doenças físicas e
emocionais. Refletirmos os mais diversos tipos de sofrimentos; do sofrimento
das perdas; do sofrimento daqueles que sofrem e não se dão conta dele. Do sofrimento
gerado pelos grandes males como as drogas e tantas outras formas de prisões. Do
sofrimento pela falta de esperanças.
Sexta-feira
Santa não é um dia histórico, para ser lembrado como um fato acontecido, mas,
para revivermos todo este mistério de amor de Deus que nos envolve. O mistério da
loucura, até aonde chega o amor de Deus por cada um de nós. Um dia de olharmos
para Jesus na cruz e sermos curados como aquele soldado foi com o sangue de Jesus
ao feri-lo seu coração com a lança. Mas
também, é um dia de refletirmos nossas misérias e analisarmos até que ponto
chega o egoísmo do ser humano, capaz de sacrificar o próprio Deus. Quantas e
quantas vezes, agimos da mesma maneira sacrificando Jesus nas pessoas de nossos
irmãos quando omitimos enxerga-lo em estado de morte, de sofrimento. Quando
olhamos apenas para nós sem agir com pequenos gestos em favor de tantos irmãos excluídos
e sofredores?
Enfim,
Sexta-feira Santa, é um dia de interiorização, um dia de silêncio, um dia de
tristeza, mas, sobretudo, um dia para contemplarmos o grande mistério de
amor. Um dia de olharmos para Jesus na
cruz e deixarmos ser envolvidos pelos sentimentos espirituais para que o
Espirito Santo nos revele o Mistério da Paixão de Cristo em nós.
Ataíde Lemos
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