Um dia partimos desta vida de uma maneira ou de outra; ancião ou ainda no útero; criança, adolescente, jovem ou adulto. Partiremos de maneira calma ou violenta; lentamente ou subitamente; não importa a forma; a certeza é que um dia iremos.
Da mesma maneira que iremos, perderemos amigos, parentes ou entes que amamos e que levarão consigo parte de nós. Certamente, com suas partidas iremos encontrar mil desculpas para justificar ou aliviar nossa dor. Porém a certeza única é que cada um de nós tem seu momento em que seremos chamados a dar continuidade na vida de uma outra forma.
O que fazer? Como encarar esta dor? A resposta também estará em cada um, segundo seu psiquismo, segundo sua crença ou não crença. O que temos de certeza é que a vida não é como um aparelho audiovisual que se pode voltar e reiniciar novamente ou como o autor de uma novela que refaz seu final, segundo o gosto do telespectador. Portanto, a vida continuará seu curso e aqueles que perderam seus entes amados terão que reaprender viver, sem ter mais a presença física de seus falecidos.
A fé é acreditar naquilo que não se vê como realizado, ou seja, a fé é acreditar na esperança já a vivenciando-a, ainda que não possa tocá-la e nem senti-la. Mesmo que sentimos frágeis e volta e meia, questionamos Deus, a fé nos faz continuar a acreditar Nele, mesmo que sintamos enorme dor e não encontramos a respostas que procuramos de maneira lúcida e imediata. Os pensamentos de Deus não são como os nossos e o tempo Dele é completamente diferente do nosso. Enfim, a fé é um mergulhar no invisível.
A fé não é uma maneira de automanipulação e encontrarmos consolo para nossas dores, mas é uma visão além do físico, além da matéria, além daquilo que nossa razão pode enxergar e que tem forma quando observamos os acontecimentos a nossa volta. Quando temos a sensibilidade de perceber nos detalhes situações que somente são respondidas por esta mesma fé.
Se mesmo tendo fé, passamos por momentos difíceis de aceitação, imaginamos sem ela! Certamente, a vida perde seu total sentido e tudo, torna-se num desespero, por não ter onde se apegar. Por não conseguir aceitar palavras de vida e de esperança pronunciadas por aqueles que possuem suas crenças. Por não conseguir ver nos acontecimentos, a presença de Deus consolando-o e confortando-o.
Em suma, somente a fé é capaz de nos fazer resistir e sobreviver à dor mais profunda que pode haver, que é da perder um filho, porque é nela (fé) que se encontra a razão de viver. Somente ela, nos faz acreditar que nossos entes estão vivos e que um dia estaremos novamente com ele e assim, ameniza a dor da saudade que permanecerá até o fim de nossos dias.
Ataíde Lemos
Escritor e poeta
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